terça-feira, 10 de novembro de 2020

 

INTRODUÇÃO A CIÊNCIA GEOGRÁFICA - UM BREVE RESUMO

Geografia é a ciência que estuda as relações sociais estabelecidas no espaço geográfico, ou seja, as relações entre a sociedade e o meio. Esse espaço é transformado pelo homem e está, por isso, em constante modificação. Contudo, é difícil limitar o que é estudado pela Geografia ou não, visto que essa é uma ciência horizontal, ou seja, seu campo de estudo é amplo e relaciona-se com outras ciências, transcendendo seu próprio saber.

A palavra “geografia” tem origem grega e é formada pelos radicais “geo”, que significa Terra, e “grafia”, que significa descrição. Essa nomenclatura refere-se à definição antiga da ciência geográfica, que relacionava Geografia somente aos fenômenos que ocorrem na superfície terrestre.

Para se compreender a Geografia hoje é preciso saber um pouco de sua história, desde o início da ocupação humana na Terra. É fato que a ciência geográfica data do final do século XIX, porém antes da institucionalização da ciência existia (e sempre existiu) o conhecimento geográfico. Foram justamente esses conhecimentos geográficos acumulados por séculos que permitiram o surgimento da nossa ciência.

Se admitirmos que a Geografia estuda as diversas relações existentes entre o homem e a natureza, e que, desde os primórdios os homens sem­pre se relacionaram com a natureza, somos obrigados a reconhecer que a Geografia existe desde a Antiguidade.

Foi no século XIX que a Geografia vai enfim se institucionalizar como ciência. É neste período que vão surgir as primeiras sociedades de Geo­grafia (Paris 1821, Berlim 1828, Londres 1830), e as primeiras cátedras de Geografia nas Universidades. Alguns historiadores da nossa ciência tomam como data importante o ano de 1871, quando foi organizado o primeiro Congresso Internacional de Geografia, em Anvers (Belgica).

O que denominamos de “Geografia clássica universitária” foi aquela concebida no início como sendo a ciência que estudava as relações entre o mundo da natureza e aquele das sociedades humanas, no contexto darwinista e da cartografia temática dos dados naturais e humanos. Esta geografia também é chamada de “Geografia tradicional” por alguns historiadores da nossa ciência.

Considera-se que esta Geografia clássica tenha surgido na Alemanha, com os ensinamentos de Kant, Ritter, Ratzel e Humboldt. Na França, esta geografia foi fundada por Paul Vidal de la Blache (1845-1918). Este geógrafo, historiador de formação, afirmava no prefácio do Atlas Geral da França de 1895 que o mapa político de um país deveria ser acompanhado de um físico. Só poderíamos fazer uma leitura geográfica de um espaço se sobrepormos mapas físicos com os temáticos da Geografia humana.

Surgiram neste contexto as duas primeiras escolas da Geografia: a determinista e a possibilista.

Estas geografias, a alemã e a francesa, deram sustentação a uma geo­grafia produzida em nível mundial com traços comuns. Esta produção da Geografia clássica, fruto das escolas citadas anteriormente, foi bastante concentrada entre as primeiras décadas do século XX até a década de 1960. Foi neste período de grande desenvolvimento da Geografia acadêmica que foi criada a União Geográfica Internacional (UGI, em 1922).

Na cartografia desde período, os grandes avanços foram a publicação dos grandes Atlas nacionais (França, Alemanha e Reino Unido) e de mapas de utilização dos solos na escola Anglo-saxã. Também neste período foi publicado mais uma Nova Geografia Universal na França.

Princípios da Geografia

No século XIX, com o surgimento da Geografia como ciência, se fez necessária a definição de princípios metodológicos, que lhe conferem o devido caráter científico. Os princípios formulados são:

  • Extensão - concebido por Friedrich Ratzel (1844-1904): todo fenômeno geográfico tem sua ocorrência em determinada porção do território, que pode ser delimitada.
  • Analogia - também chamado Geografia Geral, exposto por Karl Ritter (1779-1859) e Paul Vidal de La Blache (1845-1918): todo fenômeno geográfico deve ser comparado a outros do mesmo tipo, para se estabeleceram semelhanças e diferenças e facilitar sua compreensão.
  • Causalidade - formulado por Alexander von Humboldt (1769-1859): todo fenômeno geográfico tem uma ou mais causas, que devem ser buscadas e explicadas.
  • Atividade - formulado por Jean Brunhes (1869-1930): todo fenômeno geográfico tem um caráter dinâmico, portanto seu estudo deve compreender sua extensão e conexidade com o tempo, pois os fatos nunca estão isolados.
  • Conexidade ou interação, apresentado por Jean Brunhes (1869-1930): os fatos não são isolados, e sim inseridos num sistema de relações, tanto locais quanto interlocais.